terça-feira, 11 de março de 2008

Mães Mais que Especiais

Dizem que toda mãe é especial. Traz dentro de si uma beleza e um brilho que outro ser humano não consegue. Essa luz transborda num piscar de olhos, num sorriso ou abraço fraterno.No beijo de boa noite, na preparação da merenda ou do lanche.
Pois hoje quero falar de outras mães. Essas são mais que especiais. Conseguem ver a beleza no rosto diferente do seu filho, num corpo mal formado.Nas crianças que são belas mas que não falam,não andam ou não enxergam.
Falo das mães que por nove meses, carregam o seu bebê e imaginam que o futuro dele será promissor. Fazem expectativas, traçam metas para seu filho que será um vitorioso. Terá um grande futuro.
Mas, de repente, algo sai errado. Um problema na hora do parto, uma síndrome ou má formação. A enfermeira traz aquele bebê. Ora, quero o meu bebê lindo e saudável. Onde ele está? Por que o levaram de mim?
A mãe então enterra o filho desejado e para ela nasce uma outra criança. Começa a entender que seu filho é antes e acima de tudo seu filho, seu fruto.
Os planos para o futuro começam a ser modificados. As mães se tornam seres dotados de uma paciência infinita. A paciência de esperar por anos depois de tratamentos diários que seu filho caminhe, fale, que vá ao banheiro sozinho. Que possa ter uma vida independente, um dia. De um amor tão grande, que são capazes de tanta sensibilidade, que comemoram com ares de festa cada pequena vitória de seus bebês.
Estou aqui citando mães que atravessam a cidade, pegando mais de uma condução, com seu filho no colo, para que ele tenha atendimento de minutos, as vezes... Atendimentos feitos durante muitas semanas, meses ou anos para que as crianças especiais consigam fazer o que as outras fazem normalmente. Afeto, toque, luzes coloridas, sons e brinquedos de encaixe se tornam artigos de primeira necessidade para esses bebês.
Tenho uma filha portadora de uma síndrome rara, que alia epilepsia e autismo. Minha filha tem idade mental de um bebê.
Passei por todas as fases ao descobrir a doença dela aos seis meses. Culpa, medo, vítima enfim...
Quando descobri que minha filha era especial, depois do luto, arregacei as mangas e me pus a tentar recuperar os meses perdidos. Diziam que ela não iria caminhar. Hoje graças aos anos de tratamento, ela corre, pula janela, sobe em grades.
Falavam que ela poderia ficar vegetativa, pois tinha hipotonia total dos músculos, uma linda bonequinha de pano que não sustentava a cabeça. De equoterapia a hidroterapia, ela fez de tudo... Diariamente.E como esses atendimentos foram maravilhosos para o seu desenvolvimento.
Tracei metas para minha filha que foram se modificando ao longo do caminho.
Queria que ela fosse uma pessoa normal, queria que falasse, queria que ela aprendesse a ler.Hoje, minhas expectativas foram alcançadas, pois a única coisa que queria era que minha fosse feliz. E ela é tão feliz!Afetiva, alegre, está sempre pronta para dar um abraço apertado.
Os problemas foram aparecendo e sendo contornados, mas algumas coisas foram muito marcantes e ainda são. Os olhares das pessoas que passam, o semblante que demonstra pena ou medo. Perguntas feitas diretamente tais como se ela é doentinha ou então o constrangimento de todos na rua pararem para ver ela passar.


O preconceito dentro de um lugar que não podia ter preconceito como de uma escola especial. Onde não quiseram aumentar os atendimentos porque as vagas seriam de crianças mais capazes e que um dia poderiam aprender.
A luta por uma escola que atendesse minha filha com amor e respeito pelas suas potencialidades. E a felicidade de encontrar essa escola, numa cidade aqui perto. Mariana adora a escola dela. Lá ela é aceita e suas potencialidades enaltecidas.
Mães especiais vão aprendendo que a dificuldade de seus filhos não significa uma vida destruída.Que seu filho não é inferior. Ele apenas é diferente.Essas mães especiais que se deram ao direito de passar pela tristeza, medo ou raiva, voltara ao combate com uma força imensa.Trazem nos olhos o brilho da fé e esperança. Descobriram dentro da concha a pérola mais linda. A da vitória. Pois mães e filhos se tornam grandes guerreiros, produto de um amor muito mais que especial. O amor pela vida

Epilepsia

  • Uma pesquisa de duas universidades brasileiras descobriu que uma gordura presente em alguns tipos de peixe pode ajudar no tratamento da epilepsia. O estudo sobre o ômega-3 foi publicado em uma revista científica americana.
    Hora do almoço. O salmão no prato de Fulvio Scorza, coordenador da pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), não é mera coincidência. Ele pesquisa o ômega-3, gordura presente no peixe, que é uma esperança para três milhões de brasileiros que têm epilepsia.
    Desde os 21 anos, Sueli Mesquita, tem o distúrbio cerebral que pode provocar convulsões e perda da consciência. Antes de fazer uma cirurgia, seis anos atrás, as crises eram freqüentes e os remédios não faziam efeito.
    “Se alguém vai socorrer, pensam que é drogado ou bêbado, e não que esteja tendo crise epilética”, declara Sueli, que é voluntária da Associação Brasileira de Epilepsia.
    São pacientes como Sueli que podem se beneficiar da pesquisa das universidades federais de São Paulo e de São João del Rey, publicada em uma revista científica americana.
    A experiência foi feita com dez ratos com epilepsia e outros dez sem. Durante dois meses, metade de cada grupo tomou soro fisiológico. A outra metade, ômega-3. Nos que ingeriram a gordura, a perda de neurônios foi menor. E outras células nervosas se formaram.
    “Quando essas crises são continuas o neurônio pode sofrer algum tipo de lesão e o ômega-3 nos mostrou nesse estudo experimental que essa perda de neurônio pode ser revertida”, explica Fulvio Scorza.
    O pesquisador alerta que o ômega-3 não cura a epilepsia e não deve substituir os medicamentos. O ômega-3, também presente nas sementes de linhaça e em peixes como a cavala e a sardinha, já era indicado pelos médicos para reduzir o risco de doenças cardíacas. Agora, os pesquisadores que estudam a epilepsia vão repetir os experimentos com humanos.
    Se os resultados forem satisfatórios, o passo seguinte é saber qual seria a dose ideal para o tratamento. “Se chegar a um ponto que não precisa ser cura, mas de controle, seria ótimo”, complementa Sueli.